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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Encanto de traços firmes


Não aceito sentimentalismo barato nem chororô desmedido. Tem que torcer a toalha encharcada de lágrimas e só me entregar quando estiver enxuta. Rejeito se me aparecer com murmúrios daquilo que passou, porque eu sei que tu és bem melhor do que isso. Vire o coração ao avesso.

Acontece que as gentes adoram viver de aparência, incluindo a da insatisfação com tudo; resultado do imediatismo e comodismo que somos obrigados a aceitar (mas não a viver completamente). O desejo é de ter suas tristezas resolvidas por outro – o próximo “amor”. Esperam alguém que resolva os problemas, que enxugue as tais lágrimas, que resolva as angústias, que apague as tristezas. Fecha tuas maquiadas pálpebras pra isso! Das duas, uma: ou tu engoles tudo o que tem de lembrança ruim aí, ou põe pra fora de uma vez. E eu não apareci pra limpar a sujeira. É uma faxina que não me cabe fazer, mas a ti, todos os dias.

Só falo isso pra te alertar, porque não é difícil ver tua lucidez. Eu quero te ajudar a reescrever, isso sim. Percebo em minutos te mirando: queres novidade de sorrisos. Vim pra colorir o preto-e-branco, criar na tua tela pálida uma obra de coisa aguda, mesmo. Coisa que perdure sem medo de findar. Meu bem, comigo você também vai chorar, por isso meu falar é tão momentaneamente denso. Não adianta me dar a responsabilidade de te reconstruir, eu não sou o teu sustento, não vim te levantar. Só vais conseguir absorver o que eu tenho por aqui se houver espaço por aí, e espaço limpo de pessimismo. Cheguei com uma coisa que é pra te completar, mas... como? Se você não tirou a neve do jardim?

Certo, de repente eu te ajudo. Entendo, passado tem fantasma e coração acusa. Levo uma pá, você, a vassoura, e a gente deixa tudo em ordem. No meu bolso levo semente! Semente do que você quiser: cravo, margarida, lírio, tulipa e cafuné com arrepio. Depois de limpar o jardim pode deixar que eu mesmo planto, rego e troco por terra nova, fértil. Teu jardim é lindo, moça, dos mais valiosos que já vi nas minhas andanças. Se bem cuidado, causa inveja no vizinho. Com teu pincel, penso em causar inveja é em Monet com o jardim pintado/plantado por nós dois.

A brisa sopra gentil e invade os portões.         
               
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