Planejei muito e não pus em
prática. E, ainda assim, vejo o ano fechar mais lindo do que quando abriu.
Tão mais belo, trazendo ideias ainda mais esclarecidas, trazendo novos planos
que corrigirão os mal elaborados projetos.
Vale a pena sim se arrepender
dos erros, afinal, de que forma virão os acertos? Não é trabalho do tempo e nem
do destino, que sequer se importa em opinar. A função não é de janeiro, nem de
abril, nem de novembro, mas nossa. “Que seja doce”, mas que as nossas mãos
mexam a colher pro açúcar virar caramelo. Duas mãos unidas, que tal? Vai
depender da quantidade de açúcar. Se for pouco, uma mão já basta. Se for mais
do que precisa, as duas mãos se desentendem e uma delas solta a colher. Mas, se
a medida de doçura for certa, muito mais doces serão feitos nos doces anos que
ainda virão.
O que não vale a pena é
resmungar do 2012 que termina agora. O pobre ano não tem mais tempo para se
justificar. Se não foi tão bom como poderia, a culpa não é dele, e sim de quem
desconsiderou a bonança que ele insistiu em deixar na caixinha do correio; a
culpa é de quem esqueceu lá como se fosse folheto das forças armadas. “Não
jogar em via pública”, diz no verso, e o mesmo se pode dizer sobre o ano que virá,
já que deste, se encerrando, só restaram palavras; e que, ao contrário do papel,
não é reciclável. No entanto, o novo ano vem com ainda mais bonança, que assume
várias formas, seja de gente, seja de brigadeiro, seja de abraço.
Tem coisa linda vindo - e vindo
ao encontro, não é parada, esperando. Porém, só vai ao encontro de quem
acredita. Ah, as coisas lindas perseguem quem acredita, quem vai atrás pra segurar.
Porque, se não for ao encontro das coisas lindas que vêm de frente, elas podem
cair num buraco e demorar um ano pra sair. E a gente chora arrependido de não pegar
as coisas lindas e pôr na sacola antes que ficassem inalcançáveis. Se a gente
viu que é coisa linda, guarda logo!
Portanto, este humilde
desejador de boas coisas deseja boas coisas a todos que lerem estes votos, e
deseja também que hajam sacolas suficientes pra guardar o que há de vir. Peço
também que desejem que os próximos escritos sejam tão lindos quanto o que
estiver nas vossas sacolas. Até!
*Os que não leram os votos também terão um agradável 2013, embora possam não
saber disso.