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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Momentaneamente eterna

A felicidade é pequena. Não no tamanho, não. Na forma como ela surge e como se desenvolve. Numa coisa mínima, num instante aparentemente igual a qualquer outro instante. De repente, acontece algo fantástico nesse instante. Algo que torna esse instante mais especial que todos os outros instantes. E me dá pena dos instantes em que algo especial não aconteceu. Dá pena porque esses instantes sentem-se inferiores ao instante especial. E eles não serão relembrados, o instante que se torna inesquecível é o que foi abrigo temporal para que algo especial se desenrolasse.

E quanto tempo dura um instante especial? Nunca se sabe. Pode durar 10 segundos, um minuto e meio, uma hora, 90 minutos, um dia. Porém, isso não importa. Não se precisa saber quanto tempo a felicidade vai precisar pra fazer com que um instante seja especial. O instante não diz: “ô felicidade, não sou muito grande, então tu não inventa de me esticar, sacou?”. Não! O instante tem o tamanho exatamente necessário pra felicidade caber nele, certinha.

E que acontecimento pode ocupar o instante? Qualquer coisa. A felicidade é metamorfa e pode vir na forma de um pacote de salgadinhos, de uma xícara de café, de um beijo molhado, de um abraço apertado, de um olhar impactante, de uma mensagem de texto inesperada (ou não), de uma cama, de um pôr-do-sol, de uma música, de uma viagem, de um prêmio da mega-sena, de um filme, de uma vitória inesquecível do time do coração, de uma oração, de um texto, de um presente, de um “Deus te abençoe”, de um “eu te amo”, de uma ligação, de um corte de cabelo, de unhas bem feitas, de uma casa arrumada, do cheiro de comida na panela... a felicidade se veste assim ou de muitos outros jeitos, mas ela aparece.

E em que momento do dia o instante está reservado pra se tornar especial? Nenhum está! A felicidade não tem hora pra se achegar. É que nem o parente ou vizinho chato que chega na sua casa sem você esperar ou convidar. Não escolhe hora nem minuto, chega quando tem que chegar. Invade o espaço inteiro sem pedir licença. Mas diferente do parente ou do vizinho, ela é prazerosa. Ela invade, mas quanto mais ela entra e toma conta de tudo, mais espaço você dá, mais você chama pra mostrar a sala de estar, a cozinha, o quarto e até o banheiro. “Vai felicidade, conheça tudo aí e se sinta em casa. Fique o tempo que quiser, de preferência, pra sempre.” Mas a felicidade é teimosa e insiste em sair de vez em quando, dando lugar a visitantes incômodos, como o vizinho pentelho. No entanto, ela sempre volta, por mais que demore, pra expulsar a chatice e te dar prazer novamente.

Improvável e maravilhosa é a tal da felicidade. Que às vezes adora ser inconstante nos instantes. E que, quando vai andar por aí, faz com que todos os instantes sejam iguais. E volta de viagem do nada, tornando certo instante inesquecível. E na verdade, ela quer tomar conta não apenas de alguns instantes, mas de todos. Tu só precisas arrumar um lugar confortável pra ela relaxar. Se deixares um cantinho sempre quente e aconchegante, ela fica, e faz com que todos os instantes se tornem especiais, que sejam lembrados eternamente.