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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O mimimi sobre Luiza, que estava no Canadá

É impregnado em todos os brasileiros o desejo de rir dos outros. Não de rir de tudo, mas rir, principalmente, de quando alguém passa vergonha. Gerardo Rabello sabe bem disso, afinal tem aguentado há vários dias o país inteiro zoando de sua fala se referindo à própria filha na propaganda de um novo empreendimento imobiliário na Paraíba. Mais precisamente, “menos Luiza, que está no Canadá” tornou-se uma febre pela inutilidade de informação que contém, pela irrelevância que teve naquele contexto.


Sendo assim, rapidamente a turma pôde tornar essa frase uma das mais ditas, digitadas, comentadas e ridiculamente polemizadas do Brasil nos últimos dias. Para que fazer uma tempestade como essa num copo d’água? Aliás, num copo não, numa xícara. Foi uma brincadeira! E uma brincadeira muito sadia, diga-se de passagem. Um comentário como “estou indo à praia com meus amigos, menos Luiza, que está no Canadá” não ofende a ninguém. Até mesmo o autor da frase, que numa primeira declaração mostrou-se irritado, tornou-a uma nova fonte de reservas financeiras para, quem sabe, Luiza fazer um curso superior no exterior, talvez até no Canadá…


O que ofendeu a alguns falsos moralistas e pseudo-intelectuais ditos preocupados com o futuro da nação foi o tamanho que a brincadeira alcançou. Na internet, ela acabou tomando o espaço de notícias como um ou outro caso de corrupção, um ou outro latrocínio, um outro estupro (ops, rs), etc. Não é que eu ache que essas coisas, por serem corriqueiras por aqui, perderam importância e são motivo de desleixo por parte da população. Nada disso. O que eu acho é que os meios de comunicação não deixaram de noticiar os acontecimentos realmente importantes. Portais de notícias estão a todo momento atualizados, e os interessados podem simplesmente acessá-los. E quem acha que seria mais certo noticiar que há pessoas desabrigadas no Rio de Janeiro por causa das enchentes, poderia muito bem fazer uma doação, não é? Isso é algo que todo mundo sabe, todos têm consciência de que pessoas precisam de ajuda. O choro de Maria tirou Jesus da cruz? Se comover não resolve absolutamente nada. Reclamar também não.


Quem não gostou da brincadeira, não brinca. Se irritar porque foi muito divulgado é burrice. A internet, por ser tão instantânea, se enche daquilo que é comentado naquele momento. Foi assim na morte da Amy Winehouse (que todo mundo dizia que só se falava naquilo), na morte do Osama Bin Laden (idem), em quando Neymar engravidou uma menina (idem), entre dezenas de outras notícias. Portanto, quem fica putinho quando um assunto é muito comentado na internet, aconselho a fazer outras atividades. Desliga o computador e vai ler um livro, como gostam de dizer por aí, e fim de papo. Não curte, não é obrigado a participar, porém, se está nas redes sociais, é obrigado a ler tudo o que a maioria publicar. A opinião da maioria, mesmo que errada, vence. O que não me surpreende é que pessoas acéfalas e que vivem a escutar músicas depreciativas, machistas e com apelo à pedofilia não se divirtam com isso. Pessoas assim gostam do que ofende a moral.


Dito isso, despeço-me afirmando que me diverti imensamente dizendo que todo mundo estava comigo indo fazer tal coisa, menos a Luiza, que estava no Canadá. E enquanto não perder a graça, continuarei fazendo. Depois, todos vão esquecer isso e uma nova bobagem vai tomar conta da boca do povo. A cultura do país é essa. É assim que sempre foi no Brasil, Sr. Carlos Nascimento. Nós não estamos menos inteligentes.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Um par

A culpa é do vento, que faz teus cabelos esvoaçarem tão convidativos a um agarrão, tão sedentos em estarem entre as minhas mãos. Por isso te solto. Deixo o leve vendaval te expor para todos, para mim; tornar tua face nua de segredos.

Sabes que não pouso em tua frente sem vontade plena. Mando em mim, porém meus braços só se completam com tua unha malfeita que o rasga. Se não deixares essas unhas malfeitas, procuro outro defeito para apontar. E quando eu não puder apontar os defeitos, perdeste a graça. Tens convicção que teu atrativo são os erros? Não me importo se evidentes ou escondidos, os encontrarei. A imperfeição se faz perfeita em ti.

Toma partido do meu querer, fá-lo crescer. Tenho uma expressão dominante de mim mesmo e podes ter alguma incerteza ou receio, mas não tenhas. Sou construído em enorme ternura frente a ti. O cangote do nordestino pede cheiro a todo instante, logo depois do arrochado abraço.

Deves também saber que esta conversa meiga passa longe de paixão. Eu determino meu caminho e quem o divide comigo. Portanto, se aqui me lês cogitando que me entrego a ti, enganada estás. Pois bem sei que ceder ao teu doce falar é cair de um precipício. Não penses que já me vejo derrubado na derrota do coração dominado – este coração sempre esteve talhado para tal destino. E, se me contradigo, a responsabilidade é predominantemente tua.

O teu cheiro na minha camisa é o convite pr’o meu fim.